e com base na sua experiência
Um Partido com rumo<br>e projecto
A virulenta ofensiva ideológica contra o Partido não constitui surpresa. Ela seria, por si só, tão natural quanto o terreno em que se desenvolve e as condições de luta numa sociedade de classes com interesses antagónicos, mas reforçada no nosso País por essa realidade inapagável de uma revolução que tocou fundo nas estruturas sócio-económicas do capital monopolista e para a qual o PCP jogou papel decisivo.
Ofensiva tão mais aguda quanto a percepção pelo grande capital do peso e influência política e social do Partido, da coerência da sua intervenção, da sua ligação às massas, da sua identificação com os interesses dos trabalhadores e do povo e, sobretudo, da contribuição efectiva que o PCP assume na defesa e afirmação dos seus direitos.
São múltiplas as expressões e os pretextos desta ofensiva ideológica. Nela convergem o ostensivo silenciamento e a trabalhada falsificação de posições, a fabricada caricatura do que somos a par da diligente promoção de terceiros. Para ela contribui o anticomunismo mais boçal com o hábil semeio do preconceito; a acusação e o insulto mais grosseiros com o quase comovente aconselhamento sobre o que o PCP devia ser e fazer; a confusão entre falta de rasgo e seriedade ou repetição e coerência.
Com variantes diversas mas com idêntico objectivo, a ofensiva ideológica aí está, suportada no coro mediático ao seu serviço, na vasta tribo de formadores de opinião, nos valores gerados pelo modo de produção dominante confirmando o papel deste no predomínio da ideologia a que dá forma.
O anticomunismo e a ofensiva ideológica a ele associado serão tão mais intensos quanto agudo for o confronto de interesses de classe, quanto mais determinante for o papel do PCP no comprometimento da ordem estabelecida em beneficio do capital monopolista. Não perdoam o facto de mil vezes depois de repetirem o seu desaparecimento e declínio irreversível, o PCP estar vivo e reforçado; de mil vezes depois de o aconselharem a deixar de ser o que é, o PCP manter a sua natureza de classe, o seu projecto e objectivos; de mil vezes depois de o apresentarem como mero partido de protesto, o PCP se afirmar como é, partido de luta, proposta e projecto para o País. E sobretudo não perdoam que, mal grado todos os esforços para o reduzir a algo prescindível, o PCP tenha ousado inscrever a possibilidade de questionar a ordem estabelecida pelo grande capital, abrir perspectivas de soluções diversas das proclamadas como imutáveis, atrever-se a identificar como possíveis outros caminhos e opções.
É essa a razão principal da brutal ofensiva ideológica em curso. Tudo o resto, resultados eleitorais recentes ou alegados deslizes na mensagem, são pretextos. O recrudescer da ofensiva anticomunista é inseparável da nova fase da vida política nacional, inseparável do revanchismo de sectores que temem ver postos em causa, por mais limitado que seja, os seus interesses de classe e as condições para manterem, no nível a que aspiram, as condições de acumulação capitalista, de exploração e empobrecimento.
Compromisso, projecto e ideal
É vê-los a atacar o PCP em nome de uma alegada contradição entre o seu actual posicionamento e os seus princípios programáticos e objectivos de luta. É vê-los, uns a aconselhar o PCP em nome da sua coerência a facilitar o caminho de regresso a PSD e CDS, outros a sentenciá-lo ao abandono da sua orientação em função do presente.
Conhecem mal o PCP os que julgam, para lá dos efeitos não subestimáveis de tanto anticomunismo, poder conduzi-lo a decidir por interesses de terceiros. Ajuizamos em função da nossa independência de classe, com a segurança da nossa convicção, com base na nossa experiência de luta, com plena consciência da exigente articulação entre o táctico e o estratégico que sem prescindir do objectivo ulterior não prescinde de todos os avanços e resultados quer na luta quer na intervenção política, não separando o nosso compromisso de sempre com os trabalhadores e o povo da orientação concreta em cada momento para dar resposta aos seus direitos e aspirações.
Aos inimigos e adversários compungidos com a «incoerência» do PCP sobre os constrangimentos externos lhes dizemos: sosseguem, não abandonámos nada, a vida está a dar-nos razão. Mas não julguem que nos cegam a ponto de prescindirmos de intervir, cedendo a um fatalismo paralisante que impeça de questionar, ainda que limitadamente, o sentido geral que se quer impor como caminho único ou a deixar-nos empurrar para uma resignação impotente perante constrangimentos que têm de ser combatidos e removidos.
Aos que cinicamente se revelam preocupados com a coerência e credibilidade do PCP, aos que confundem o poder que têm de nos fazer desaparecer dos ecrãs de TV com a morte pressagiada do Partido, lhes dizemos que a prova de vida do PCP esteve, está e estará sempre no enraizamento nos trabalhadores e no povo, no seu compromisso com a luta pela defesa dos seus direitos e aspirações, no seu projecto e ideal.